Tudo começou numa manhã de quinta feira de fevereiro de 2006. Assim que o dia começou percebi que as condições climáticas estavam propícias para escalar na Pedra Itaúna. Juntamente com o Chris tenho um projeto de uma via em tradicional que muito nos alegra pelo conunto da obra. Só escalando para entender...
Naquela manhã liguei para o Chris, que estava residindo em Ipatinga MG, uns 75 km de Caratinga minha terra natal. Logo ele aprontou sua mochila com o recado de que provavelmente dormiríamos na base da via ou provavelmente o bivaque seria na parede em redes. Ele não acreditou muito mas veio...
Por problemas no trânsito ele chegou meio dia, estava ficando muito tarde e ainda estávamos longe de chegar na base, ainda faltava a rede onde ele dormiria. Corremos na casa de uma tia minha e pronto, lá estava a rede.
Então meu solícito irmão nos levou de carro até o início da trilha. Eu carregava uma espécie de hall bag caseiro e o Chris levava sua cargueira lotada, pois pretendíamos curtir um bivaque na parede e com o compromisso da conquista da via.
Depois de 40 minutos de trilha pesada chegamos a base onde rapidamente Chris tratou de pegar a ponta da corda para fixarmos na primeira parada pois ja era 3 horas da tarde. Repentinamente pingos de chuva começaram a cair sobre nossas cabeça logo no crux da via, eu pedia calma ao meu companheiro que estava colocando um pequenino camolot numa fenda não muito boa. Com o grau de exposição e a água molhando a parede começou a pairar um clima tenso na escalada, uma queda era iminente, no entanto Chris alcançou a parada: ufa...
Rapidamente entrei jumareando até chegar no platô da parada. Sofremos para haulear o haul bag e quando todo o equipo estava na parada ja era noite.
Tivemos que escalar no escuro, mas graças a Deus sem chuva, para colocar os friends que prenderiam um lado das redes. Foi outro momento tenso, pois começaram a aparecer aranhas e morcegos de dentro das crocas, tudo isso estava previsto no planejamento.
Assim que fixamos as redes, tomamos um bom suco de cajú e um sanduíche com pão esfarelado, para montahista isso é um banquete.
Depois de juntar a tralha toda e de ficar de bucho cheio tratamos de nos recolher às nossas redes pois a noite seria longa, ligamos nosso rádio e ficamos trocando idéia até altas horas da noite. O silêncio de nossa vonversa só era quebrado pelo walk talk chamando, era Plínio no campo base dando suporte ou por carros de som que passavam num bairro próximo, mas que rapidamente seu som era abafado pelo vento uivante.
Noite adentro, escutávamos barulho de corujas e morcegos, que,não pareciam ser pequenos, voando ao nosso redor. Tudo tranquilo dentro do saco de dormir, clipados na ancoragem e deslumbrando toda aquela paisagem noturna, caímos no sono.
De madrugada, lá pelas 4 da matina começou a chover novamente, mas como estávamos em cima de um big teto não sofremos com as graças da mãe natureza. Foi um momento surpreendente onde ficamos observando o sol começar a nascer e a chuva no vale. Nem sequer nos preocupamos com a parede molhada.
Assim que o dia clareou, tomamos nosse belo café, guardamos as tralhas e tocamos para cima. Era a cordada, até então mais difícil da via, com lances de, talvez, 8º grau em móvel com arestas nervosas e afiadas afim de puir nossas cordas.
Depois de Chris dominar os lances, começou o estresse pois jumareei e ao limpar a vai uma peça não queria sair da fenda, logo rolou drena junto com a chegada de grandes núves e possibilidade real de chuva. Decidimos sair daquele veneno e abortar a escalada.
Fixamos uma corda na primeira parada e decidimos voltar na próxima semana. A corda ficou 5 meses na parede e não conseguimos voltar lá por conta das chuvas.
Isso sim é uma conquista (tradicional) eu acho!
Próxima tentativa em outubro, isso se não chover.
Via Spix e Martius 6 sup 8a E3 - Pedra Itaúna - Caratinga MG
*Grau sugerido. Não confirmado.
